O Programa Tealfabetizando foi desenvolvido para auxiliar pais e profissionais da área de saúde (Psicólogos, psicopedagogos e outros) e educação (professores e auxiliares de ensino), a desenvolver atividades que auxiliem indivíduos com diagnóstico de autismo, TDAH, DI, TDL e outros atrasos de desenvolvimento, a aprender a ler e escrever. O programa está baseado em uma gama de estudos disponíveis na literatura em Análise Comportamento e Educação Especial, que evidenciam práticas baseadas em evidências que se mostram efetivas no ensino e alfabetização de crianças autistas. Ensinar pessoas com atraso de desenvolvimento a ler e produzir textos escritos pode ser um desafio, já que o indivíduo pode ter a linguagem (falada e escrita) comprometida, pode apresentar alteração motora, o que dificulta a escrita, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos, que podem levá-los a comportamentos opositores em relação às tarefas escolares
As histórias sociais são usadas para dar aos indivíduos com atraso de desenvolvimento previsibilidade sobre acontecimentos (atividades, passeios, tarefas, eventos sociais entre outros) que ocorrerão. As histórias sociais podem ser usadas, dentre outras finalidades, para: 1. Orientar o indivíduo como se comportar em determinadas situações: mudanças na rotina, imprevistos, viagens, procedimentos médicos. 2. Auxiliar no entendimento das atividades relacionadas ao autocuidado, eventos sociais e acadêmicas. 3. Antecipar uma situação desconhecida: morte, acidente, separação, mudança de residência e de escola.
Os jogos podem ser importantes aliados para a aprendizagem dos conteúdos escolares e clínicos, entre eles, um dos mais utilizados é o quebra cabeça. Esse jogo, além de proporcionar um fazer independente pelo indivíduo com atraso de desenvolvimento, corrobora no desenvolvimento da atenção, percepção, rastreamento visual, atividade motora. No contexto de atividades clínicas e escolares, bem como em ambiente residencial, é possível programar uma sequência pré-programada do mais fácil para o mais complexo, de modo a proporcionar ao aprendiz sucesso na atividade requerida.
Indivíduos com deficiências diversas podem apresentar dificuldades motoras que vão desde hipotonia (baixo tônus e força muscular) até uma apraxia (prejuízo na habilidade de executar movimentos hábeis, apesar de possuir a habilidade física e o desejo de executar) (Broun, 2009). De acordo com Broun, os déficits motores apresentados, por exemplo, por crianças autistas, mas também visualizados em indivíduos com outras deficiências, podem afetar a habilidade do indivíduo de usar suas mãos para, por exemplo, usar instrumentos de escrita. É comum, esses indivíduos apresentarem a macrografia (letras grandes). As atividades programadas no Alfabetizando têm como objetivo ensinar habilidades motoras finas, relacionadas à coordenação motora, destreza, controle de força. O treino de cobrir pontilhados inicia com linhas retas, depois linhas curvas, formas geométricas e, finalmente, números, letras e palavras.
Matching to sample (MTS) ou Pareamento de acordo com o modelo (em português) é um procedimento usado para relacionar itens/imagens, letras ou números, figuras idênticas, diferentes, semelhantes e arbitrárias (itens/imagens fisicamente diferentes, porém relacionadas, como por exemplo, palavras e figuras). No procedimento de MTS, na presença de um dado estímulo-modelo (ex., palavra impressa) o indivíduo é ensinado a escolher uma, de três figuras apresentadas. A figura escolhida deve estar diretamente relacionada ao modelo. Por exemplo, diante da palavra escrita BOLO, o indivíduo é ensinado a escolher entre as três figuras apresentadas (bolo, vaca e copo), sendo o estímulo correto a ser escolhido: a imagem do bolo. Sidman e Tailby (1982) descreveram o uso do MTS na formação de classes de estímulos equivalentes, que permite o estabelecimento de uma rede de relações entre estímulos (palavras escritas, faladas, figuras, ditado, escrita) e a geratividade de repertório novo, diretamente não ensinado, em outras palavras, o indivíduo é capaz de aprender uma série de relações entre palavras e imagens e formar outras, sem treino direto.
